O PASSADO
“O passado pode ser definido como uma série de eventos
que tiveram lugar num momento anterior àquele que a consciência das pessoas
identifica como momento presente. O passado é, portanto, aquilo que não está,
aquilo que não existe mais, mas ‘sabe-se’ que um dia existiu.” (P. 69)
“O passado pode ser utilizado como padrão para
determinadas sociedades que procuram reproduzir ou conservar em seu cotidiano
as ‘velhas formas do viver’; e pode também ser usado como um guia de orientação
para sociedades que enfrentam pequenas ou grandes mudanças e necessitam de
modelos ou exemplos. O passado pode ainda ser invocado para justificar ou
apoiar determinadas reivindicações ou para explicar algumas mudanças ou a
necessidade delas. De qualquer modo, o passado está intrinsecamente relacionado
com o presente, e é nele que os historiadores, na prática de seu ofício de
reconstituir o passado ou construir o conhecimento histórico, encontram as ‘lentes’
com que olham para o passado.” (P. 69)
“Quando nos referimos ao passado, não estamos nos referindo
de modo impreciso a todas as coisas que aconteceram antes do momento presente,
e sim ao passado construído pelas ações humanas em diferentes épocas e espaços,
valorizando, portanto, o papel dos indivíduos como criadores de realidades e
agentes das transformações a partir das relações sociais que constroem entre
si. É esse conjunto, portanto, que constitui o objeto da História.” (P. 70)
OBJETIVO DO ENSINO DE HISTÓRIA
Ao considerarmos como objetivo do ensino da História a
superação da passividade dos alunos frente à realidade social e ao próprio
conhecimento, faz-se necessário levá-los ao desenvolvimento de competências e
habilidades que possibilitem a compreensão da lógica dessa realidade e da
construção do conhecimento. (P.74)
Desenvolver procedimentos que permitam interrogar
diversos tipos de registros, a fim de extrair informações e mensagens expressas
nas múltiplas linguagens que os seres humanos utilizam em suas práticas
comunicativas e nas diferentes formas de conhecimento que constroem sobre o
mundo. Ao interrogar as variadas fontes em suas múltiplas linguagens e suas
especificidades – escrita, oral, gestual, pictórica –, situar os autores e os
lugares de onde falam, os grupos sociais com que se identificam, seus
interesses e os objetivos envolvidos na sua produção. (P.74)
Dessa forma, “o objetivo do ensino de História no ensino
médio é o desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas que conduzam
à apropriação, por parte dos alunos, de um instrumental conceitual – criado e
recriado constantemente pela disciplina científica –, que lhes permita analisar
e interpretar as situações concretas da realidade vivida e construir novos
conceitos ou conhecimentos. Ao mesmo tempo, esse instrumental conceitual
permite a problematização de aspectos da realidade e a definição de eixos
temáticos que orientam os recortes programáticos, bem como, apontam para novas
possibilidades de criação de situações de aprendizagem. (P. 75)
O TEMPO EM HISTÓRIA
“Nem sempre a cronologia é relevante. Num sentido mítico
do passado, às vezes basta a consciência de que antes as coisas eram assim e
depois ficaram assadas. Um sentido do passado que desconsidera a cronologia
pode ser encontrados nas mitologias de diferentes povos ou nos mitos da criação
presentes em diversos discursos religiosos. E nem sempre a cronologia é
suficiente quando, estudamos, por exemplo, os processos revolucionários. Nesse
caso precisamos da noção de duração para compreendê-las como processos de
ruptura, que podem levar a processos de transformação com velocidades
diferentes em cada uma das dimensões da realidade social, gerando mudanças que
convivem com permanências. Por exemplo, revoluções no pensamento científico
podem não eliminar crenças religiosas arraigadas, ou revoluções tecnológicas
podem conviver com antigos valores morais reguladores das relações sexuais. (P.
82)
(Parâmetros
Curriculares Nacionais do Ensino Médio – PCNEM. Orientações complementares aos
PCN’s. Ciências Humanas e suas Tecnologias”